Muito já se falou e escreveu sobre o Forte Arizona da Gulliver. Mas à medida que mais pessoas descobrem o colecionismo de brinquedos, mais informações desejam sobre este forte em específico.
O Forte Arizona chama a atenção por ter sido o único na trajetória Casablanca / Gulliver a não se chamar Forte Apache.
Se pudéssemos conversar com representantes da Gulliver sobre a história da empresa, e de seus produtos, teríamos muito mais informações sobre este brinquedo, incluindo a razão pela qual a empresa decidiu lançar um forte sem chama-lo de “Apache”.
Já que este contato não tem sido possível, tentamos reconstruir a história dos brinquedos de faroeste da Gulliver com as informações que dispomos.
O Forte Arizona que possuo é meu de infância. Minha memória não lembra com precisão quando ganhei este forte, mas um bom “chute” seria 1981 ou 1982.
Nestes anos já não eram mais produzidas as figuras tradicionais da Gulliver da década de 1970.
Contudo, pelo menos dois amigos afirmam que seu Forte Arizona veio com as figuras clássicas, pintadas à mão. Eu nunca vi este modelo, mas acredito nos amigos.
A afirmação destes amigos faz com que o Forte Arizona tenha que ter sido lançado ainda no final da década de 1970. Como não consta Forte Arizona no catálogo de produtos Gulliver do ano 1978, só restaria 1979.
A imagem que ilustra a embalagem do Forte Arizona, elaborada por Nelson Reis, é uma das mais belas da série Brasileira de brinquedos de faroeste. A situação retratada é improvável – índios a pé, em atitude suicida, atacam o Forte Arizona. Como se não bastasse a atitude suicida dos índios, um carroça do exército, também em atitude suicida, decide deixar o forte em meio ao ataque. À frente da carroça, segue um solitário e...suicida...oficial do exército.
A imagem abaixo é da embalagem do meu Forte Arizona de infância, e apresenta os desgastes do tempo.
Como já tivemos oportunidade de mencionar em outros artigos, sempre houve uma proximidade entre os brinquedos de faroeste produzidos na Espanha, e aqueles lançados no Brasil por Casablanca / Gulliver. Isto pode ser explicado por dois fatores:
- O Sr. Mariano Lavin, fundador da Casablanca, era Espanhol;
- A indústria de brinquedos de faroeste sempre foi muito forte na Espanha. Marcas famosas são Espanholas: Comansi, Reamsa, Jecsan. Ainda há produção de brinquedos de faroeste na Espanha dos dias atuais.
Desta forma, muitas das figuras que conhecemos como Casablanca / Gulliver eram, em verdade, originais de alguma fábrica de brinquedos Espanhola.
O Forte Arizona talvez tenha sido o ápice da “espanholização” dos brinquedos de faroeste Brasilerios, por suas similitudes com o Fort Federal da Comansi. Vejamos abaixo as imagens do Forte Arizona e, na seqüência, falamos das similitudes.
Similitudes:
1) Paliçadas
A representação da paliçada é de toras de madeira na posição vertical, como no Fort Federal. No Forte Apache tradicional as paliçadas não eram mais apresentadas na posição vertical desde 1975 (desde 1973 para os modelos mini e médio).
Além disso, como nos fortes espanhóis da Comansi, a representação das toras de madeira só aparece do lado externo das paliçadas. O lado interno é perfeitamente liso.
2) Torres
As torres de vigia do Forte Arizona são cópias idênticas das torres do Fort Federal. A Gulliver adotou este modelo de torre a partir do Forte Apache 1979.
3) Alojamento
Como no Fort Federal o alojamento é de plástico e tenta representar várias repartições lado a lado.
A diferença, neste caso, é que o alojamento do Fort Federal é bem mais detalhado.
4) Similitude final, e o que faltou
A similitude final é que, como o Fort federal, o Forte Arizona já vinha montado (pregado) dentro da embalagem. A única parte de madeira de montar (encaixar) era o pórtico e portão.
O que faltou – o Fort Federal trazia uma bonita caixa d’água de plástico, em modelo similar ao que nos acostumamos a ver ao lado das ferrovias nos filmes de faroeste. A Gulliver nunca incluiu a caixa d’água em seus modelos de forte.
Figuras
Em 1979/1980 a Gulliver lançou uma série de figuras de vinil, pintadas à mão. As figuras eram cópia de originais Britains e Airfix, e eram vendidas em conjuntos de três unidades, sendo que cada conjunto possuía duas figuras a pé e uma a cavalo.
As figuras eram de soldados da cavalaria, índios, cowboys e mexicanos.
Algumas destas figuras em vinil podem ser vistas na imagem acima e na imagem abaixo. Interessante observar que, na imagem abaixo, as figuras de soldados que aparecem à frente das carroças, e entre elas, são os originais da Airfix.
Salvo a edição original do Forte Arizona, que teria trazido as figuras clássicas da Gulliver, pintadas à mão, as demais edições do Forte Arizona trouxeram as figuras que eram cópias da Britains e Airfix. Os detalhes são:
- As figuras do forte não eram em vinil, mas em plástico;
- Não eram pintadas a mão, mas na cor do plástico.
Além disso, em todos os Fortes Arizona que vi com meus olhos não vinham figuras de soldados. Somente cowboys, índios e mexicanos. Não sei a razão disto.
Algumas das figuras que acompanhavam o Forte Arizona estão apresentadas na imagem abaixo:
Me perguntam – “quantas figuras compunham a série copiada da Britains e Airfix?”
Não tenho certeza. O que posso afirmar com quase certeza é o seguinte:
2 Conjuntos de soldados da cavalaria, com 6 figuras;
2 Conjuntos de índios, com 6 figuras;
2 Conjuntos de cowboys, com 6 figuras;
1 Conjunto de mexicanos, com 3 figuras.
Bom amigos, eram estas as informações.
Um abraço a todos.
Marcos Guazzelli
Março de 2008.