Ao tentar reconstruir da história dos brinquedos de faroeste no Brasil temos que “cavar” para encontrar fontes de informação, recolher um fragmento aqui, outro lá. Parece até que somos arqueólogos reconstruindo a história do Egito antigo. A situação é sobremaneira estranha, uma vez que muitos dos protagonistas da história dos brinquedos de faroeste ainda estão vivos, e bastariam que eles narrassem a história, sem necessidade de “arqueologia”. Mas, enfim...
Como não há fontes formais de informação a respeito da história dos brinquedos, e os protagonistas se recusam a falar, tenho consciência que o que é escrito neste site vai acabar virando história “oficial”, mesmo que alguma informação esteja equivocada. Daqui 20, 30 anos, é daqui que será colhida a “verdade” por quem se interessar em conhecer este pedaço da história, a história dos brinquedos.
Em função disto, procuro tomar todo o cuidado em relação às informações que publico. Se equívocos cometo, são involuntários. Não gosto de formular hipóteses ao vento, completamente desprovidas de fundamento, pois daqui alguns anos tais hipóteses, mesmo que absurdas, podem virar “fato”, e acabar por distorcer a história.
Mas há alguns dias uma hipótese tem assaltado a minha mente. Aliás, por falar em “assaltar”, às 20:30h do dia 26/9, eu, minha esposa e minha avó de 80 anos fomos assaltados por três bandidos, com o 38 na nossa cara. Depois de dar algumas voltas com meu carro e nos “depenarem”, nos deixaram num lugar escuro e meio deserto, e foram embora. Com o carro (que só tinha 4.000 Km). Sobre o carro ou documentos, nenhum sinal. Mas saímos com vida.
Voltando aos brinquedos...
A hipótese que vou colocar pode até ser absurda, mas possui um fundamento lógico. Se algum leitor tiver informação que demonstra a invalidez desta hipótese, pode entrar em contato.
Em setembro publiquei um artigo denominado “Mistério”. Nele, junto com a informação enviada pelo leitor Rovilson, ficamos sabendo com certeza (com prova) que a Gulliver continuou utilizando os moldes da Casablanca, apenas apagando a marca Casablanca e colocando em seu lugar a marca Gulliver.
No artigo “Fragmentos da História”, também publicado em setembro, ficamos sabendo que havia na Casablanca um sócio que não pertencia à família Lavin, e que o encerramento da empresa se deu com uma dissolução societária. Pois bem, em havendo esta dissolução os moldes, que eram a verdadeira galinha dos ovos de ouro, ficariam todos com a família Lavin, para que pudesse continuar produzindo as figuras? Ou o sócio dissidente desejaria a parte dele?
Agora vem a hipótese...
Nos anos 1970 a Trol e a Viocema lançaram figuras iguais àquelas que eram produzidas pela Casablanca, sendo que muitas vinham até com a marca Casablanca. Até então eu pensava que a Gulliver, “herdeira” da Casablanca, teria vendido ou alugado alguns moldes antigos para Trol e Vocema. Mas esta hipótese sempre me incomodou pelo seguinte – qual seria o sentido de vender ou alugar moldes para que concorrentes produzissem produtos para concorrer com o meu?
Minha nova hipótese é a seguinte – os moldes utilizados por Trol e Viocema foram moldes que, na dissolução da Casablanca, ficaram com o sócio Ortega. Como ele não continuou com a produção de figuras, diferentemente da família Lavin, teria então passado esses moldes adiante (vendido), para Trol e Viocema.
É uma hipótese plausível, não?
Marcos Guazzelli
Outubro de 2010